sexta-feira, 13 de março de 2009

Papa reconhece falhas na reversão de excomunhão de bispos radicais

Folha de S. Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

EFE

Cidade do Vaticano — Em carta a todos os bispos católicos após semanas de críticas, o papa Bento 16 admitiu ter cometido falhas ao reverter a excomunhão de quatro bispos ultraconservadores ordenados pelo polêmico arcebispo Marcel Lefèbvre. O texto, parcialmente revelado pela mídia italiana, será publicado hoje.

Na carta, o papa admite “falhas” na gestão do caso. Segundo o diário conservador Il Foglio, trata-se de uma carta “humilde mas forte”, escrita à mão com o objetivo declarado de levar à unidade dos cristãos.

Bento 16 ressalta que o gesto não supõe o reconhecimento canônico da Sociedade São Pio 10º, fundada pelo arcebispo cismático Lefèbvre, já morto, à qual pertencem os bispos.

No texto, diz o jornal, o papa cita dois equívocos. O primeiro foi que a Santa Sé “não se deu conta” de que na internet era possível conhecer as declarações do bispo, “que se sobrepuseram de modo imprevisível à reabilitação dos prelados, causando um curto-circuito midiático que alterou o caso”.

O segundo é a gestão da revogação das excomunhões, “que não foi suficientemente” explicada. De acordo com Il Foglio, “Bento 16 explica que as revogações são pessoais, afetam apenas os quatro prelados e não implicam o reconhecimento da Sociedade São Pio 10”. O papa diz que a sociedade só será reintegrada à igreja se aceitar as decisões do Concílio Vaticano 2º, que nos anos 60 adotou reformas como a abolição da missa em latim e uma posição mais aberta em relação ao ecumenismo.

Mas Bento 16, defensor da ideia de que o Concílio não foi uma ruptura na história da igreja, adverte “os que se proclamam defensores do Vaticano 2º que é preciso entender que o concílio leva em si toda a história doutrinal da igreja”.

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