sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Frei Galvão recebe título de engenheiro


 O Estado de S. Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Emilio Sant’Anna

O primeiro santo brasileiro agora vai colar grau. No dia 25, ao meio-dia, na Capela do Mosteiro da Luz, em São Paulo, São Frei Galvão vai se tornar o primeiro brasileiro a receber o título Honoris Causa de Engenheiro e Arquiteto, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP).

Desde 2000, o santo é o patrono da construção civil brasileira por ter erguido — no início do século 18 — o Mosteiro da Luz. Ele foi o projetista, empreiteiro, pedreiro, servente, mestre-de-obras, engenheiro e arquiteto do prédio, que hoje é considerado patrimônio histórico da humanidade pela Unesco.

“Com toda a técnica da engenharia de hoje, ele faria muitas outras coisas”, diz o padre Armênio Rodrigues Nogueira, capelão do mosteiro. Ele receberá o título em nome de Frei Galvão.

Cerca de 600 pessoas são esperadas para a cerimônia em que o padre receberá o título das mãos do presidente do Crea. Um telão será instalado na porta da capela para quem não conseguir entrar. Mas, para quem perder, padre Armênio avisa que durante todo o dia as missas ocorrerão de duas em duas horas.

Tensão leva cristãos indianos a conversão

Folha de S. Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

O recrudescimento das tensões entre hindus e cristãos no leste da Índia está levando centenas a se converter ao hinduísmo, religião largamente majoritária no país. O agravamento da situação levou o premiê Manmohan Singh a alertar, na última segunda, que a violência religiosa é um risco à integridade nacional e ameaça os “valores fundamentais” do país.

Segundo a agência oficial IANS, o caso mais grave é no Estado de Orissa, onde pelo menos 36 pessoas morreram e 2.400 casas e 120 igrejas foram parcial ou totalmente destruídas desde o final de agosto, quando a morte de um líder hindu desencadeou a onda de violência contra os cristãos. Estima-se em mais de 600 os já convertidos ao hinduísmo.

Há ainda registros de violência em outros Estados, e centenas de mortes por toda a Índia nos últimos meses são atribuídas a motivações religiosas. No mosaico religioso, étnico, lingüístico e de castas indiano, 80% dos cerca de 1,1 bilhão de habitantes são hindus; 14%, muçulmanos; e 2,4%, cristãos.

Voltou a Missa em latim: Deo gratias


Revista Panorama, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Carlo Rossella

A celebração na língua antiga, acompanhada por cânticos gregorianos, é uma delícia para o espírito. Tem um grande passado e é destinada a um grande futuro. Eis porque agrada, além dos tradicionalistas e os aristocratas, aos jovens. E também a Madonna e Elton John.

Tenho profundas razões afetivas ao retornar a Pavia, a minha cidade, nos finais de semana. Mas entre tantas, há uma que prezo muito: a missa em latim, segundo o rito de São Pio V, celebrada todos domingos às 9:30 na igreja de San Giovanni Domnarum por Gianfranco Poma.

Poma, biblista, professor no Seminário episcopal, é um sacerdote extraordinário, culto, aberto ao moderno, mas muito atento à tradição. Com um pequeno grupo de dedicados intelectuais católicos, soube e quis organizar a celebração, que se tornou possível após o motu proprio do Papa Bento XVI.

Poma fez uma pesquisa sobre as peculiaridade do rito, bem diverso em tantas pequenas particulares da missa comum em italiano. Os fiéis, por exemplo, ajoelham-se à mesa da Comunhão para receber a Sagrada Eucaristia.

Ao lado do esplêndido latim da Missa, existe a música gregoriana, a que acompanhou o rito tridentino desde 1570 até 1969 quando, após o Concilio ecumênico Vaticano II, o Papa Paulo VI aboliu o latim. Tal medida provocou, como se sabe, a recusa de uma parte dos fiéis católicos, guiados pelo ex-arcebispo de Dakar, Marcel Lefebvre, fundador da comunidade cismática de São Pio X e do seminário tradicionalista de Econe, na Suíça.

Sem embargo, freqüentando-a regularmente por obrigação religiosa, dado que sou católico praticante, nunca gostei da missa em língua local, ou seja, a missa pós-conciliar, com cânticos populares, descontando as ladainhas, violões e em certos países também tambores, como na famigerada Missa Luba.

Fui educado na religião católica com a Missa tridentina e considerei aquela nova como uma dilaceração. Sempre atribuí à queda do latim, do gregoriano, do rito um pouco misterioso da missa antiga à crise de vocações e tudo que aconteceu na disciplina e na vida dos sacerdotes.

Por todas estas razões, freqüentemente e de bom grado, participei de missas tradicionalistas, ou seja, lefebvrianas [sic], mas o meu confessor nunca me censurou.

Atualmente, muitos religiosos não falam latim, uma língua que, pelo contrário, renasce nas universidades norte-americanas mais prestigiosas, na Sorbonne e nos grandes ateneus alemães.

Na Itália, em algumas cidades, inclusive pequenas, celebra-se a missa antiga, porém certos prelados a obstaculizam, são parcimoniosos em conceder autorizações, quiçá por ignorância. Tal fenômeno não é apenas italiano, mas também francês, e o Santo Padre, desde Lourdes, exortou os bispos transalpinos a aceitar a missa em latim e a não criar muitas histórias.

Em Paris, porém, sempre assisti a esplêndidas missas em latim, sobretudo as da primeira sexta-feira do mês, na capela tradicionalista de Saint Dominique na rue de Pernéty, onde se presta homenagem ao cura d’Ars, um santo venerado pelos cultores do antigo missal.

A missa em latim, que em Roma está na moda entre os aristocratas da velha nobreza negra (a princesa Alessandra Borghese não perde uma) e entre os jovens nobres (o príncipe Francesco Moncada di Paternò), tem um grande passado, mas está destinada a ter também um notável futuro, visto o número crescente dos jovens que em toda Itália seguem o rito tridentino.

A melhor missa, no momento, é, dizem-me, a que se celebra todos os dias na igreja da Misericórdia, em Turim, mas também em Roma, na via Leccosa, atrás do Palácio Borghese, esforçou-se para tornar o rito esplêndido e muito ancien regime.

No Vaticano se fala em baixo tom da missa em latim, mas há, nos vértices, quem a celebra com prazer e com um certo espírito de desforra. É belo ver velhos padres e monsenhores aproximar-se do altar e recitar em latim: “Subirei ao altar de Deus, alegria da minha juventude” (Introibo ad altare Dei. Ad Deum qui laetificat iuventutem meam).

Para um católico, de qualquer idade, a fé em Deus e o seu amor mantém sempre jovens e entusiastas. Quem crê é otimista e mais sereno do que quem é agnóstico e inclusive ateu, sobretudo nesses tempos sombrios de aproveitadores financeiros e crises econômicas. Eu que havia esquecido de todo o ritual da missa de São Pio V, após haver escutado duas ou três não tive mais necessidade do livreto e respondi sem problemas ao sacerdote.

O retorno à tradição não diz respeito somente a missa, mas também a bênção dos fiéis, com Tantum Ergo, o pluvial suntuoso, o incenso em grandes quantidades e água benta. Obrigatório, no fim do rito, o cântico da Salve Regina, oração esplêndida em latim.

Em algumas comunidades se está por voltar aos funerais com os paramentos negros e prata e as ladainhas dos defuntos em latim. A missa tridentina é uma verdadeira delícia para o espírito.

E tem também uma sua estética. Para os homens aconselha-se o terno escuro com camisa branca e gravata escura. Às senhoras se aconselha o véu negro que cobre as orelhas, mas põe em relevo a face e os olhos. Encontram-se ainda véus bordados ou em tules nos gavetões da avó ou em certas lojas do interior, a côté dos santuários ou catedrais.

Às moças, pelo contrário, convém um véu claro, como levavam outrora nas procissões as crianças da Ação Católica.

A única desvantagem da missa em latim em comparação com a em italiano é a duração: ao menos 20 minutos a mais, dado que há muito mais a pedir ao bom Deus.

Iudica me, Deus, et discerne causam meam de gente non sancta, ab hómine iníquo et doloso érue me. Quia tu es, Deus, fortitudo mea: quare me repulisti, et quare tristis incedo, dum affligit me inimmicus?

Assim se reza em latim. Deo gratias.

Bispos pedem diálogo com outras crenças

O Estado de S. Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Efe

O diálogo inter-religioso, uma das maiores preocupações do 12º Sínodo de Bispos, realizado no Vaticano, foi defendido, entre outros, pelo cardeal d. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Para ele, é preciso aumentar as relações com os judeus. Os bispos também apóiam a criação de um fórum cristão-muçulmano para “encontrar-se, discutir e meditar juntos”. O arcebispo de Belo Horizonte, d. Walmor Oliveira de Azevedo, disse, no entanto, que as novas seitas são um desafio para a Igreja Católica.

Papa evita menção direta à máfia

O Globo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008


O Vaticano defendeu ontem a decisão do Papa Bento XVI de evitar uma condenação direta ao crime organizado numa viagem a Pompéia, perto de Nápoles, reduto da Camorra, uma das máfias mais cruéis do país e que foi tema do filme Gomorra, baseado no livro de Roberto Saviano.

Vaticano suspende beatificação de Pio XII


O Globo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

M. Andrade e J. M. Muñoz, do El País

Roma — A beatificação do Papa Pio XII (1939-1958), assunto espinhoso e com ramificações diplomáticas e políticas, aguarda a assinatura de Bento XVI. Mas está tropeçando em um obstáculo que já era de se esperar: a feroz censura de vários setores do judaísmo, que acusam Pio XII de ter feito vista grossa diante do Holocausto. O atual Papa, que destacou em setembro o trabalho silencioso de Pio XII em favor dos judeus, optou agora por uma investigação mais profunda. Por meio de seu porta-voz, Federico Lombardi, confirmou que “não assinou os decretos de virtudes heróicas” e que o assunto “está sendo objeto de estudo e reflexão”. Lombardi pediu ainda calma a católicos e judeus.

Na segunda-feira, em um site de simpatizantes do Kadima — partido da premier israelense designada Tzipi Livni — foi publicada uma foto de Bento XVI com uma suástica nazista sobreposta. Lombardi lembrou que o Vaticano protestou quando o Museu do Holocausto de Jerusalém colocou o seguinte texto embaixo da fotografia de Pio XII: “Quando a relação de acontecimentos relativos ao massacre dos hebreus chegou ao Vaticano, não provocou protestos escritos ou verbais. Quando os judeus foram deportados de Roma para Auschwitz, Pio XII não interveio... Quando os fornos eram alimentados dia e noite, o Santo Padre que vive em Roma não abandonou seu palácio.”

Essa versão dos fatos, reafirmada pelo rabino chefe de Haifa, Shear Cohen, convidado especial do Pontífice para o Sínodo, é o maior obstáculo no processo de beatificação.

— Neste momento, não é oportuno pressionar nem em um sentido, nem em outro — disse Lombardi.

No fim de semana passado o relator para a causa da beatificação, Peter Gumpel, e o postulante Paolo Molinari fomentaram a polêmica.

Gumpel afirma que são “uma falsificação evidente da História” as acusações contra Pio XII e que Bento XVI só suspendeu o processo de beatificação “para manter relações amistosas com os judeus”.

Tanto ele quanto Molinari pedem a Israel que retire o mais rapidamente possível o texto sobre o Pio XII do Museu do Holocausto.

— Prometem que vão mudar o texto, mas nunca fizeram nada. Já fizemos diversos pedidos, mostrando diferentes razões — disse Molinari.

Israel e o Vaticano estabeleceram relações diplomáticas na década de 90, mas até hoje várias promessas de diálogo e cooperação não avançaram.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A santa de 4,2 milhões de casas


O Estado de S. Paulo, domingo, 5 de outubro de 2008

Edison Veiga

Uma vez por mês é dia de visita na casa da família Ozaki, na Vila Clementino. “Recebemos uma convidada especial”, diz a dona de casa Dulce da Silva Ozaki. “Fica sempre na sala, com uma vela e um vaso de flor ao lado.”

Trata-se de uma das 140 mil imagens da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável, mais conhecida como Mãe Peregrina, que diariamente vão de casa em casa no País. Elas atingem um total de 4,2 milhões de famílias católicas. Só na capital paulista são 6.700 capelinhas da santa e mais de 200 mil lares participantes.

O movimento das imagens itinerantes começou em 10 de setembro de 1950. A religiosa Teresinha Gobbo, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, mandou fazer três capelinhas. Escolheu três católicos de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e deu uma imagem para cada um. Com a singular missão: fazer a santa visitar uma família por dia.

Cada família participante recebe a imagem uma vez por mês. No dia seguinte, tem de levá-la a um vizinho, que faz o mesmo. “Acolher a Mãe transformou nossa vida”, diz a dona de casa Angelita Enides Rocha, que mora no bairro da Pedreira e integra o movimento há dez anos. “Paramos de discutir por motivos bobos.”

O Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt utiliza a tradição como ferramenta de evangelização. “Nosso objetivo é resgatar os valores da família cristã e a dignidade humana”, explica a religiosa Maria Caroline.

Llamamiento de los cristianos iraquíes: ‘¡Estamos muriendo!’


Zenit, jueves, 9 de octubre de 2008

Mosul — “¡Estamos muriendo!” es el trágico llamamiento de los cristianos de Mosul (Irak), que en las últimas semanas han vuelto a ser objetivo de una dramática ola de violencia.

El padre Amer Youkhanna, sacerdote del clero de Mosul que vive en Roma, ha explicado a Baghdadhope que las personas de la ciudad iraquñi “han dicho que no tienen palabras para definir lo que está sucediendo, si no se trata de un exterminio”.

“Nosotros estamos muriendo, me han dicho, y es necesario que nuestra voz sea escuchada”.

Las familias que aún quedan en Mosul, denuncia, “no tienen dinero para huir, no sabrían adónde ir, y así se quedan encerradas en casa a esperar. Es una situación terrible, quizás nunca antes de ahora, la comunidad cristiana de Mosul ha vivido tal periodo de terror. Quien quiere instaurar el estado islámico en Irak con capital en Mosul, quiere que la ciudad no tenga siquiera un cristiano entre sus habitantes”.

Monseñor Philip Najim, Procurador de la Iglesia Caldea ante la Santa Sede, ha referido que “grupos armados penetran en el barrio donde viven los cristianos y asesinan a quienes encuentran en la misma calle”.

“Son homicidios a sangre fría llevados a cabo a la luz del día y ante decenas de testigos, como si estos grupos quisieran demostrar que pueden obrar impunemente, controlar la ciudad”, observó.

“El objetivo es, claramente, sembrar el terror para completar la obra de vaciar a la ciudad de su antiquísima población cristiana, que comenzó hace ya años”.

“El mundo nos está dejando solos”, admitió con profunda desilusión a Baghdadhope monseñor Shlemon Warduni, obispo auxiliar de Bagdad.

También el prelado ha alzado su voz contra la cancelación del artículo 50, que reservaba 15 puestos en seis provincias a las minorías: 13 a los cristianos, uno a los Shabak y uno a los Yazidi.

En esta situación, afirmó, los cristianos iraquíes pretenden “continuar haciendo escuchar nuestra voz esperando que nuestro llamamiento sea acogido, no solo en Irak sino en todo el mundo”.

“Están en juego nuestros derechos ciudadanos, que aunque pertenecientes a una minoría, es cierto, siempre hemos sido ciudadanos iraquíes — declaró —. ¿No le interesa a nadie?”

Papa diz que crise reflete futilidade


Folha de S. Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 2008

Futilidade do êxito e do dinheiro — é o que mostra a crise, segundo o papa Bento 16. O pontífice opinou sobre a turbulência econômica de improviso, na abertura de um encontro com bispos, no Vaticano. O papa disse que “a palavra de Deus, mais do que qualquer outra palavra, é o fundamento de tudo, a autêntica realidade”.

Para Bento 16, “somente a palavra [de Deus] é sólida, ela é a verdadeira realidade sobre a qual se deve fundar nossa própria vida”. O papa pediu às pessoas que cimentem sua vida sobre a “rocha” da palavra divina.

“Agora estamos vendo, com o afundamento dos grandes bancos, que esse dinheiro desaparece, que não é nada; trata-se de realidades de segunda ordem”, acrescentou. Bento 16 ainda disse que muitos fazem suas construções “sobre areia”.

O papa, a “rocha da igreja” para os católicos, comanda uma instituição que vai mal das contas. A Santa Sé (instituição religiosa) fechou no vermelho, em 2007, com um rombo de 9 milhões. O Vaticano (instituição política), com investimentos no mercado imobiliário, viu seus lucros minguarem quase 70% em 2007, com superávit de apenas 6,7 milhões.

A explicação, à época, foi a valorização do euro ante o dólar, já que boa parte das doações vem dos EUA, onde a Igreja Católica também enfrentou uma onda de escândalos sexuais.

Palestra de rabino abre reunião de bispos

O Estado de S. Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 2008

AFP

O Sínodo de Bispos começou no Vaticano com a histórica participação de um rabino, que falou sobre a visão judaica das Escrituras. O grão-rabino de Haifa, Shear Cohen, fez sua palestra diante de mais de 300 bispos, observadores e biblicistas.

Papa inicia maratona de leitura da ‘Bíblia’

O Estado de S. Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 2008

AFP

Bento XVI iniciou ontem uma maratona de leitura televisionada de toda a Bíblia. A iniciativa está sendo organizada pela televisão italiana RAI e vai se prolongar pelos próximos sete dias. O papa leu os primeiros capítulos do Gênese. Um representante do patriarca russo Alexis II foi o segundo leitor, seguido por um protestante. Participarão também muçulmanos e judeus. O cineasta Roberto Benigni recitou o assassinato de Abel por Caim.

Papa alerta para ‘falta de Deus’ na sociedade moderna


No discurso de abertura da 12ª Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos — que reúne 253 religiosos do mundo inteiro —, em Roma, o papa Bento 16 alertou para a perda da influência do cristianismo em países que, em outros tempos, foram “ricos em fé e vocações”.

O pontífice disse que a “falta de Deus” na cultura moderna resulta em uma sociedade mais confusa e dividida, levando nações a perderem a sua identidade. “Há quem, ao decidir que Deus está morto, se declare ‘deus’ e dono absoluto do mundo.”

A missa de inauguração foi celebrada na basílica de São Paulo, ontem de manhã, mas as atividades começam hoje e seguem até o dia 26, com o tema A palavra de Deus na vida e na missão da igreja.

Segundo o documento sobre o qual o sínodo trabalha, a igreja está preocupada com o desconhecimento da Bíblia por parte dos fiéis, o que pode levar a interpretações “fundamentalistas” ou equivocadas. Um dos objetivos será decidir como corrigir esse desconhecimento.

A assembléia não terá participação de bispos chineses, já que a Santa Sé e Pequim não chegaram a um acordo para que eles pudessem sair do país. Mas estarão presentes o cardeal arcebispo de Hong Kong, Joseph Zen Ze-kium, e o bispo de Macau, José Lai Hung-Seng. Ambas são Regiões Administrativas Especiais da China.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Padre conscientiza com ‘novena verde’

Giovana Girardi

Com a experiência de quem viu o bairro se deteriorar nos últimos 26 anos, com o aumento de favelas, do lixo e da poluição, o padre Paulo Sergio Bezerra, de Itaquera (zona leste de São Paulo), percebeu que estava em suas mãos o papel de conscientizar seus fiéis sobre os problemas urbanos que resultam em danos ao meio ambiente.

Da escola da Teologia da Libertação, o padre de 54 anos já vinha desenvolvendo um trabalho mais voltado para as questões sociais e políticas da paróquia, mas não tinha nada de ambientalista. As coisas mudaram quando ele se deu conta, de uns anos para cá, que os problemas ambientais superavam todos os outros em urgência, diante das ameaças de escassez de água e do aquecimento global.

Os freqüentadores da igreja vivem em uma área com grandes focos de favelização em meio a remanescentes de mata atlântica, o que faz com que a ligação entre proteção ambiental e justiça social seja direta. “Quando cheguei aqui, há 26 anos, o Rio Jacu corria caudaloso, limpo, hoje virou um canal de esgoto. O lixo espalhado pelas ruas está demais, as pessoas não têm consciência sobre o problema do trânsito, só querem alcançar o sonho de ter um carro. É uma situação difícil”, explica o padre.

O primeiro alvo foi a tradicional novena, evento geralmente focado em orações, que se tornou uma ferramenta para transmitir conhecimento e tentar mobilizar a população. “Concluí que a comunidade tinha de se aprofundar nesses temas para poder agir. Queria despertar a sociedade, mas confesso que não sabia bem como”, conta.

Sem se intimidar, ele procurou quem sabia. Entrou em cena, então, uma prima distante, a jornalista e socióloga Maristela Bernardo, presidente do Instituto Internacional de Educação do Brasil, que há anos trabalha pela promoção do desenvolvimento sustentável no País.

Ela recorreu a amigos ambientalistas para montar uma semana de palestras e debates durante o ofício religioso. Foram convidadas para palestrar pessoas destacadas nessa luta, como Fábio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas, o jornalista André Trigueiro, especializado em ambiente, o advogado Marcelo Cardoso, do Instituto Socioambiental (ISA), e Oscar de Moraes, da Agência Nacional de Águas. A “novena verde” atraiu mais de 400 pessoas por dia que, mesmo depois de gastarem horas em viagens de ônibus e metrô para chegar ao bairro à noite, após o trabalho, se dispuseram a ouvir sobre meio ambiente. Foi apenas o primeiro passo.

Passado o evento, Bezerra criou na paróquia uma pastoral do meio ambiente — um grupo de oito pessoas que, com apoio de Cardoso, do ISA, busca formas de manter o tema em discussão. Uma delas foi inserir mensagens ambientais no folheto da missa dominical (são 2 mil exemplares distribuídos em 11 igrejas da região).

Ao lado das leituras do evangelho, os fiéis se deparam com frases que pregam reciclagem de lixo, ensinam como fazer o descarte adequado do óleo de cozinha ou de pilhas, orientam pela consumo de menos sacolas plásticas de supermercado etc. É um ensinamento novo a cada domingo.

CNBB defende punição de torturadores

Christiane Samarco

A CNBB quer a abertura dos arquivos do regime militar e a punição dos torturadores que atuaram a serviço da ditadura. Foi o que defendeu o presidente da CNBB, d. Geraldo Lyrio Rocha, com o alerta de que “perdão não é sinônimo de impunidade”, e a defesa da tese de que “a abertura dos arquivos poderá elucidar e trazer a lume uma página dolorosa da história”.

D. Geraldo recebeu ontem, na sede da Conferência em Brasília, a ‘caravana da anistia”. Por iniciativa da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, a CNBB foi escolhida como sede de uma sessão especial de julgamento em que foram apreciados 13 requerimentos de anistia política nos quais se pede indenização para religiosos e militantes ligados à Igreja que sofreram perseguição e tortura durante o regime militar.

“Temos que perdoar, porque sem perdão não há reconciliação e sem reconciliação não há paz. Mas impunidade, não”, pregou dom Geraldo.

Arquidiocese repreende ACM Neto por fotos em panfletos

Salvador —Sem citar o nome do candidato a prefeito, a Arquidiocese de Salvador emitiu uma nota criticando o comportamento de Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) por distribuir cerca de 15 mil panfletos em que aparece recebendo a comunhão do papa João Paulo 2º e beijando a mão do cardeal primaz do Brasil, d. Geraldo Majella.

No panfleto Neto tem fé em Deus, o candidato aparece recebendo a comunhão do papa durante a segunda visita de João Paulo 2º à Bahia, em 1991 — na época, o Estado era governado pelo avô do candidato, o senador Antonio Carlos Magalhães (morto em 2007).

O outro lado do panfleto traz ACM Neto beijando a mão de Majella, além de um texto citando que o seu vice, o deputado federal Márcio Marinho (PR), é da Igreja Universal e também “um cristão”.

Cresce a procura pela Missa tridentina na Alemanha

Na quinta-feira se encerrou a reunião de outono da Conferencia dos Bispos Alemães. Pela primeira vez ela esteve sob a direção do Arcebispo de Freiburg Robert Zollitsch. Nesta sexta-feira ele apresentou à imprensa os resultados dos debates:

Zollitsch afirmou que a procura de missa no rito extraordinário é crescente na Alemanha, segundo um inquérito realizado em todas as dioceses do país.

“O resultado mostra que o Motu Proprio do papa Bento XVI do ano de 2007 é ativamente aceito e ativamente posto em prática, onde há pessoas que se interessam”.

Se ainda em 2006 só era possível celebrar a Missa no rito extraordinário em 31 localidades, hoje o número triplicou. 98 locais oferecem essa Missa. O número de sacerdotes, segundo informações dos bispos, duplicou.

Diz Zollitsch: “Contudo, a procura não é bastante grande para que se tenha necessidade de muito mais localidades. Não se trata de fomentar a procura artificialmente, pois isso não é tarefa nossa. Eu me alegro de que tenhamos essa procura e informarei também Roma”.

Zollitsch refutou reiteradamente as notícias de imprensa que relatavam que o Vaticano estava decepcionado com a atitude dos bispos alemães e uma aplicação restritiva da orientação do Papa de permitir amplamente a Missa no renovado rito de 1962.