segunda-feira, 23 de março de 2009

Em visita à África, papa condena uso do [preservativo] e despotismo

Folha de S. Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

O papa Bento 16 iniciou ontem uma visita de seis dias à África, o continente que tem a maior parcela de população contaminada pelo vírus da Aids no mundo, reafirmando a posição da Igreja Católica contrária ao uso do [preservativo].

Ao mesmo tempo, ao chegar a Camarões, primeira escala de uma visita que incluirá ainda Angola, Bento 16 pediu aos católicos do continente que lutem contra a violência, a pobreza, a corrupção e os abusos de poder — práticas que, segundo ele, têm travado a melhoria das condições de vida na região.

Ainda no avião que o levava de Roma à capital camaronesa, Yaoundé, o papa afirmou que a Aids “não pode ser derrotada com a distribuição de preservativos”. A doença já matou mais de 25 milhões de africanos desde o início dos anos 80. Hoje, cerca de 20 milhões de pessoas no continente têm o vírus HIV, e alguns países da região apresentam taxas superiores a 20% da população infectada.

Para Bento 16, o [preservativo] não é a solução, mas, “ao contrário, aumenta o problema”. A visão da igreja é a de que a distribuição indiscriminada de preservativos pode estimular um comportamento sexual que ela vê como irresponsável e que estaria na raiz da epidemia de Aids que o mundo viveu em décadas recentes.

Para a igreja, o ponto crucial da visita à África, no entanto, é outro. O continente é visto como uma “fronteira” de evangelização para todas as grandes religiões monoteístas do mundo, onde elas competem para “receber” fiéis provenientes das inúmeras religiões tradicionais locais.

Em Camarões, a “divisão” se dá entre cristãos e muçulmanos. Já em Angola, destino de Bento 16 a partir de sexta-feira, a colonização portuguesa contribuiu para a forte presença católica. Essa prevalência tem sido ameaçada em anos recentes com o avanço dos protestantes, muitos deles neopentecostais de origem brasileira.

Nenhum comentário: