segunda-feira, 23 de março de 2009

CNBB desautoriza bispo e nega excomunhão

O Globo, sexta-feira, 13 de março de 2009

Catarina Alencastro

Brasília — Apesar de o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, ter anunciado a excomunhão dos envolvidos no caso da menina de 9 que fez aborto, a CNBB afirmou que ninguém foi punido pela Igreja. Numa tentativa de minimizar os efeitos das declarações de Dom José Cardoso Sobrinho, a CNBB alegou que o arcebispo apenas teria avisado que a conduta dos envolvidos poderia resultar na excomunhão.

Para a CNBB, a polêmica em torno das declarações do religioso tiram de foco o centro do problema: a violência que a menina vinha sofrendo há três anos dentro de casa.

— Na verdade, o bispo não excomungou ninguém. O bispo anunciou que esse tipo de ato traz consigo, pelas normas católicas, tal possibilidade. Tenho certeza de que Dom José não teria, de forma alguma, a intenção de ferir quem já estava ferido, mas de chamar a atenção justamente para um certo permissivismo que faz com que a vida do nascituro não seja considerada — disse Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB.

— O seu grito e o seu desabafo em torno da excomunhão em nenhum momento se dirigiram às vítimas. Tenho certeza de que Dom José não quis ferir quem já estava ferido — repetiu Dom Dimas Lara Barbosa, secretário da conferência. Dom Dimas disse que a menina, por não ter consciência, e sua mãe, por ter agido “sob pressão”, não podem ser excomungadas.

Já no caso de médicos que declararam ter intenção de praticar regularmente o aborto, vale a punição da Igreja, segundo o religioso.

No caso do padrasto que vinha abusando da menina e de sua irmã há vários anos, automaticamente ele já estaria “fora da comunidade” por não partilhar dos dogmas da igreja, segundo Dom Dimas.

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