sexta-feira, 27 de março de 2009

Papa ataca ‘tribalismo’ ao fim de visita


Folha de S. Paulo, segunda-feira, 23 de março de 2009


Rafael Cariello

O papa Bento 16, numa missa para cerca de um milhão de angolanos na capital do país, Luanda, responsabilizou ontem o “tribalismo”, a guerra e as rivalidades entre diferentes etnias pela pobreza e pela injustiça social na África.

Segundo ele, essas “nuvens do mal” privaram “gerações futuras dos recursos necessários para criar uma sociedade mais sólida e justa”.

O ataque ao “tribalismo” reforça uma das ideias repetidas pelo pontífice nessa viagem de uma semana por dois países africanos, Camarões e Angola, que se encerra hoje: a da oposição entre o “universalismo” católico — visto como valor positivo — e o que ele chamou de “etnocentrismo” local.

Ainda no segundo dia de sua viagem, Bento 16 criticou “todo o etnocentrismo e particularismo excessivos”, afirmando que os sacerdotes africanos devem evitar que as missas “festivas e animadas” com elementos sincréticos locais se tornem obstáculo para o “diálogo e comunhão com Deus”.

A incorporação de elementos da cultura local em celebrações católicas foi uma das grandes mudanças promovidas na igreja pelo Concílio Vaticano 2º (1962-1965), reforma que buscou aproximar o catolicismo da modernidade, além de valorizar o poder e a cultura local das igrejas em cada país.

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