sexta-feira, 11 de julho de 2008

Igreja Anglicana decide que mulher pode ser bispo, irritando Vaticano

O Globo, quarta-feira, 9 de julho de 2008

York — A Igreja Anglicana da Inglaterra decidiu ordenar mulheres bispos, abrindo uma crise interna, que pode provocar um cisma, e externa, com críticas das igrejas Católica e Ortodoxa.
A decisão foi tomada no Sínodo Geral da igreja, após seis horas de debate na Universidade de York. Alguns padres conservadores foram vistos chorando após a votação. Mas a corrente progressista venceu facilmente: 28 a 12 entre bispos, 124 a 44 no clero, e 111 a 68 entre leigos.
— Tomamos a decisão certa. Às vezes as coisas parecem ter saído de um confronto, mas foi um debate — disse a sacerdote Miranda Threlfall-Holmes, cotada para ser uma das primeiras bispas anglicanas da Inglaterra.
Os tradicionalistas analisam agora possibilidades como a criação de uma nova igreja até a adoção do catolicismo. A decisão ainda terá de ser aprovada de novo num sínodo em 2012.
— As coisas estão ficando piores. Há um movimento que pretende nos expulsar — disse o padre David Houlding.
Apesar do pedido do líder da igreja, o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, de que fossem feitas ressalvas, a derrota conservadora foi total. Até restrições que existiam foram proibidas.
A Igreja tem sacerdotes mulheres desde 1994, mas criara bispos itinerantes para quem discorda do bispo local por ter ordenado mulheres. Isso acabará.
O chefe do conselho do Vaticano para a Promoção da Unidade Religiosa, o cardeal Walter Kasper, criticou os anglicanos:
— A decisão é uma quebra na tradição apostólica mantida por todas as igrejas no primeiro milênio. É mais um obstáculo para a reconciliação.
O secretário de assuntos internacionais do Patriarcado Ortodoxo de Moscou, Ígor Vyzhanov, também lamentou:
— Essa decisão é um passo muito doloroso para o diálogo intercristão, pois afasta a comunidade anglicana da Igreja de tradição apostólica.

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