sexta-feira, 18 de julho de 2008

Bispos brasileiros criticam o quadro político

O Globo, sábado, 12 de julho de 2008
Terminou ontem a reunião dos cardeais, arcebispos e bispos do Brasil, em Goiânia. Na oportunidade do encerramento do conclave, do qual participaram 83 bispos e três cardeais, foi feita a mais importante declaração que a Igreja já pronunciou, no Brasil, nos últimos tempos.
“Analisando a atualidade política do Brasil, o Episcopado proclama sua confiança no regime democrático, quaisquer que sejam suas deficiências, mais devidas à fraqueza dos políticos do que à estrutura do regime. E acentua que um dos maiores defeitos da atualidade brasileira está na multiplicidade de partidos que, sem programas definidos, são simples pretextos para acobertar interesses pessoais. O triste espetáculo do voto negociado à base de ofertas ostensivas é um sinal sumamente degradante de nosso panorama político. Essas falhas, como outras de nossa vida pública, não nos parecem, entretanto, irremediáveis.
A democracia deve saber defender-se contra as infiltrações espúrias de candidatos que apenas se servem do voto atual para fins subversivos e totalitários no futuro. Que os nossos votos não conduzam ou reconduzam ao Legislativo nem ao Executivo os inimigos dos princípios cristãos e democráticos. Julgamos assim do nosso dever dar uma palavra de esclarecimento em torno do movimento nacionalista. (...) Estamos ao lado de tudo o que, no movimento nacionalista, exprime valorização de nossas indústrias de base, de nossas riquezas naturais, elevação de nível de vida, recuperação de áreas subdesenvolvidas, independência econômica, aumento de capital e soerguimento político. Somos por um nacionalismo são e equilibrado, enquanto atende às necessidades de uma soberania nacional que rejeita qualquer escravidão de tipo capitalista ou marxista.
Reprovamos o nacionalismo exacerbado que recusa qualquer convivência e colaboração legítima com outras nações e que se exprime como uma forma aguda de egoísmo coletivo. Condenamos o imperialismo econômico que representa um tipo de ditadura internacional e uma abdicação da autonomia nacional. Reprovamos com veemência o imperialismo soviético que, sob pretexto de nacionalismo e anticolonialismo, comanda frentes e movimentos políticos que representam apenas momentos provisórios de um assalto à autonomia da pátria, revelando-se depois como um virulento antinacionalismo”. (O Globo noticiava em 12 de julho de 1958)

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