sexta-feira, 23 de maio de 2008

‘Milagreiros’ atraem centenas de paulistanos em busca de graças

O Estado de S. Paulo, sábado, 15 de março de 2008


Bruno Versolato

Toda segunda-feira, centenas de paulistanos se reúnem para um ritual silencioso e intimista. Em igrejas, velários e cemitérios, devotos rezam, acendem velas e fazem pedidos às almas. Almas de crianças, vítimas de incêndio e mortos de forma violenta que ganharam fama de milagreiros. Mesmo sem reconhecimento formal da Igreja Católica, conquistaram uma legião de fiéis. O mais novo temor da Igreja é que isso aconteça com as múmias de freiras descobertas em 2 de fevereiro no Mosteiro da Luz.
Izildinha Ribeiro, Antoninho da Rocha Marmo, Bento do Portão e as chamadas 13 Almas Benditas — mortos não-identificados no incêndio do Edifício Joelma, em 1974 — estão entre os mais conhecidos. “Alguém ouve falar de um pedido alcançado, pede o seu e assim vai espalhando a crença”, diz a professora de Ciência da Religião da PUC de São Paulo, Maria Ângela Vilhena. “Santos reconhecidos pela Igreja Católica tiveram vida exemplar. Assim também é com os santos populares. Todos têm história de sofrimento e redenção.”
A Igreja Católica vê com cautela o culto às almas. “Quem faz milagre é Deus”, afirma o padre Juarez Pedro de Castro, secretário-geral de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo. “Rezar pela alma de um morto é ato de misericórdia. A Igreja não vê problemas em pedir a alguém que já morreu ajuda para interceder em um pedido junto a Deus. E o culto às almas é característica comum entre os brasileiros. A Igreja condena somente rituais que invoquem a presença na terra de um espírito.”

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