terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Natal secreto


O Globo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Miriam Leitão / Panorama Político

Os americanos não desejam mais Feliz Natal. Não pela crise e pelas profecias terminais dos economistas.

Vem de algum tempo essa moda. Eles trocaram o específico Merry Christmas pelo genérico Happy Holidays. A idéia, disse um novaiorquino, é que “Feliz Natal” seria uma agressão a quem não é cristão. Nas lojas, nas propagandas e entre as pessoas, o Feliz Natal está em baixa.

Gosto do que o politicamente correto tem de melhor: o respeito ao outro e a submissão das maiorias aos direitos, sentimentos e perspectivas das minorias. Mas daí a pôr o Natal na clandestinidade já é puro exagero nascido em Nova York. A cidade acredita não ser mais de maioria cristã. Hoje, os cristãos seriam, me explicou o nova-iorquino, “majoritariamente minoritários”. Nova York tem grandes comunidades judaicas, muçulmanas, budistas, religiões tão diversas quanto é diversa a sua população, formada por ondas de migrantes, que vão, em segunda e terceira geração, virando americanos.

Nas propagandas da televisão e dos jornais, ao fim de cada compra, na despedida de um encontro, o correto agora é desejar que a pessoa tenha “Feriados felizes”.

Confesso que sou do tempo em que sem um caloroso Feliz Natal o Natal não era o mesmo. Feriados podem ocorrer em qualquer época do ano; este é especial.

No domingo, dia 21, véspera da festa judaica das luzes, o New York Times trazia explícitos anúncios de Happy Chanukah das lojas Sacks, Bloomingdale’s, Macy’s e Brooks Brothers. Várias.

Por que os cristãos deveriam esconder o Natal, tempo de amar o próximo, de ver o outro e suas aflições, de distribuir carinhos entre as pessoas, como se isso fosse ofensivo?

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