sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Campanha da CNBB ataca prática do ‘rouba, mas faz’

Folha de S. Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Flávio Ferreira

A indiferença em relação à corrupção na política, expressada em enunciados como “rouba, mas faz” ou “tudo acaba em pizza”, será alvo da Campanha da Fraternidade de 2009, segundo a CNBB.

A campanha deste ano terá como tema segurança pública, mas também abordará assuntos de ética na política.

As discussões nas reuniões e celebrações da campanha, que ocorrem em igrejas, escolas e casas, poderão impulsionar um movimento de coleta de assinaturas para criar uma lei que visa barrar candidaturas de políticos com ocorrências na Justiça.

O secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa (bispo auxiliar do Rio de Janeiro), afirma que “frases como ‘rouba, mas faz’ são sintomas de uma mentalidade difusa no meio do povo e expressam um indiferentismo perigoso”.

Para Barbosa, “tem muita gente que diz que é preciso levar vantagem sempre, mesmo que para isso seja preciso enganar. Isso pode servir de substrato cultural para justificar situações de impunidade”.

O secretário-geral da CNBB diz que a Campanha da Fraternidade deste ano pode repetir o feito da edição de 1996, que serviu de ponto de partida para a obtenção de 1 milhão de assinaturas para a criação da lei nº 9.840, que tornou mais efetivas as punições em casos de compra de votos.

Igreja propõe debate sobre causas do crime

A Campanha da Fraternidade de 2009 vai chamar a atenção para a necessidade de cobrar dos governantes políticas públicas de prevenção no campo da segurança.

Para a CNBB, os debates sobre as medidas para promover a segurança devem situar-se na análise e discussão dos fatores objetivos que favorecem a violência e a criminalidade e evitar polarizações ideológicas, como aquelas representadas nas ideias de que “o problema do crime é a falta de repressão”, ou de que “o criminoso é uma vítima da sociedade”.

Segundo o frei Carlos Josaphat, assessor da CNBB, a campanha vai incentivar medidas que desestimulem a entrada no mundo do crime, como a promoção da formação educacional. “É preciso mobilizar a opinião pública para exigir uma maior incrementação da qualidade e investimentos na educação”, disse.

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