Roldão Arruda
A CNBB divulgou nota na qual manifesta indignação diante das “repetidas acusações de corrupção” na área pública. “A corrupção e a decorrente impunidade constituem grandes ameaças ao sistema democrático”, alerta a nota.
O Globo, sexta-feira, 12 de junho de 2009
Santana do Parnaíba em festa
Milhares de pessoas celebraram o feriado de Corpus Christi ontem na cidade de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Os fiéis participaram de missas e de uma procissão pelas principais ruas do centro histórico. A grande atração para moradores e turistas é o tapete confeccionado pelos fiéis. Com mais de 800 metros de extensão e 59 quadros, ele é feito com 72 metros cúbicos de serragem fina e grossa, tingida em 11 cores diferentes. Um dos quadros que se destacava [era] uma escultura de barro retratando a imagem de Jesus Cristo durante a via crucis.
Em todo o país, os católicos passaram a madrugada de ontem trabalhando na confecção dos tapetes. Em Sabará, Minas, as ladeiras de pedras dão um colorido especial à festa. Em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, os moradores montaram tapetes usando serragem, pétalas de rosas, restos de plástico, folhas verdes e tecidos. Alguns fizeram os tapetes com roupas que serão doadas a famílias que necessitam.
O Estado de S. Paulo — Online, quarta-feira, 17 de junho de 2009
Associated Press
Vaticano — Ordenações sacerdotais previstas por um grupo católico ultraconservador não serão válidas, mesmo depois de o papa Bento XVI ter suspendido a excomunhão dos líderes da organização, informou a Santa Sé nesta quarta-feira, 17.
O Vaticano emitiu declaração reiterando que a Sociedade de São Pio X ainda não tem status dentro da Igreja Católica e que seus sacerdotes não têm um ministério legítimo.
A Igreja considera as ordenações pela Sociedade “válidas mas ilícitas”. Elas são válidas porque Lefebvre era um bispo ordenado validamente dentro da Igreja Católica, e portando dotado do poder de ordenar outros. Mas como estava suspenso desde 1976, ele não tinha autoridade papal para consagrar novos bispos, o que significa que as consagrações foram ilícitas, ou ilegais, aos olhos da Igreja.
Zenit, martes, 16 de junio de 2009
Ciudad del Vaticano — En las reuniones que Benedicto XVI ha mantenido entre el lunes y el martes con los obispos de Austria ha pedido fidelidad auténtica al Concilio Vaticano II y al magisterio posterior de la Iglesia.
En la reunión con el Papa, “caracterizada por un vivo ‘afecto colegial’”, explica el comunicado vaticano, “se han afrontado, con un diálogo fraterno y un espíritu constructivo, temas que afectan a la situación de la diócesis de Linz y de la Iglesia en Austria, presentando soluciones para los problemas actuales”.
La diócesis de Linz, en la que en los últimos años se han dado fuertes polémicas por las posiciones de exponentes eclesiales en contra el Magisterio de la Iglesia, ha vivido momentos difíciles después de que el sacerdote elegido como obispo auxiliar, el 31 de enero de 2009, Gerhard Maria Wagner, presentara su renuncia al Papa antes de ser consagrado, por la polémica que había suscitado su elección entre la prensa y el mismo episcopado.
“El Santo Padre ha recordado la urgencia de profundizar en la fe y la fidelidad integral al Concilio Vaticano II y al Magisterio posconciliar de la Iglesia, y de la renovación de la catequesis a la luz del Catecismo de la Iglesia Católica”, afirma.
Además, aclara, “se ha hablado de cuestiones doctrinales y pastorales y de la situación del clero, del laicado, de los seminarios mayores y de las facultades teológicas en Linz y en otras diócesis de Austria”.
O Estado de S. Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009
Helcio Consolino com Efe
O papa Bento XVI disse ontem, no feriado de Corpus Christi, que a secularização avança dentro da Igreja Católica, “que pode traduzir-se em um culto eucarístico vazio” e em ceder “à tentação de reduzir as orações a momentos superficiais.” O papa pediu que Jesus liberte o mundo “do veneno do mal, da violência e do ódio que contamina consciências.”
Bento XVI fez as declarações para cerca de 25 mil pessoas na missa solene na Basílica de São João de Latrão, a catedral de Roma, durante a cerimônia de Corpus Christi. Logo depois da missa, o papa guiou uma procissão pelas ruas do centro da cidade.
Em homilia, na qual ressaltou a importância da eucaristia e a figura do sacerdote, o papa disse que os fiéis “esperam” que eles deem exemplo de uma autêntica devoção pela eucaristia e que “amam” vê-los passar longos momentos de silêncio e de adoração a Jesus.
Folha de S. Paulo, domingo, 7 de junho de 2009
Pedro Luiz Stringhini* e Roberto Malvezzi*
Jesus ensinou seus discípulos a ler “os sinais dos tempos”. Não é o olhar de um cientista sobre a realidade, embora ele também seja essencial. Nesse caso, “sinais dos tempos” é uma categoria teológica que nos ajuda a interpretar como Deus se manifesta diante dos acontecimentos da história.
Entre tantas mudanças que acontecem na humanidade e no planeta que habitamos, uma parece mais desafiadora que todas as outras: o aquecimento global. Segundo grande parte dos cientistas, a Terra se comporta como um ser vivo e está num processo de aquecimento, com consequências gravíssimas e irreversíveis para a humanidade e toda a comunidade de vida que a habita. A previsão de que a Terra pode aquecer entre 2º e 6º assusta a comunidade científica e todos aqueles que têm acesso a essas informações.
Como sempre, as piores consequências recaem sobre os mais pobres. Os cientistas são cautelosos, preferem aguardar longos períodos históricos para emitir uma opinião conclusiva sobre as causas desses fenômenos e se sua origem é realmente o aquecimento global.
O Brasil é um dos grandes contribuintes para o aquecimento global. Cerca de 75% de nossas emissões resultam da queima e derrubada de florestas. Por essa prática nefasta, o Brasil se torna o quarto maior poluidor mundial.
Causam inquietação as medidas provisórias 458 e 452, além da proposta de mudança no Código Florestal. É de absoluta responsabilidade das autoridades evitar que essa tragédia seja legalmente ampliada. Preservar nossas florestas em pé, com meta política de desmatamento zero, é um bem inestimável para o povo brasileiro e uma generosa e viável contribuição para toda a humanidade.
Por isso, entre os dias 8 a 10 de junho, a CNBB, ao lado de outros parceiros, inclusive internacionais, como a Misereor, realiza em Brasília um simpósio para debater o tema e contribuir no processo de conscientização e práticas que inspiram a luta mundial contra o aquecimento global. Os cristãos o fazem por sua crença no Deus da vida, que entregou a criação para que dela cuidássemos, como jardineiros do jardim que é o planeta Terra.
* D. Pedro Luiz Stringhini é bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Paz, da Justiça e da Caridade — CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
* Roberto Malvezzi, formado em filosofia e teologia, é membro da equipe de Terra, Água e Meio Ambiente do Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam).
O Globo, Boa Viagem, quinta-feira, 11 de junho de 2009
Renato Grandelle
O que o serviço secreto da Casa Branca, a diretoria do Wall Street Journal e embaixadores americanos na Europa têm em comum? Todos foram ciceroneados pelo complexo de Museus do Vaticano pelo guia Roy Doliner, um especialista em história romana e estudos judaicos. Estas áreas de saber casam-se no tour promovido pelo pesquisador. E a lua de mel fica por conta da Capela Sistina.
O quartel-general do catolicismo é repleto de profetas judeus e mensagens da Cabala. Goste-se ou não da tese de Doliner, o bafafá que provocou é uma boa oportunidade para revisitar um dos mais importantes símbolos da Igreja.
Não que a missão seja das mais fáceis. Quem já entortou o pescoço para ver os afrescos de Michelangelo sabe que o passeio pode ser uma furada. Afinal, fica difícil admirar a pintura com o vaivém de turistas e a pressa dos guias.
Para dar o encanto merecido à visita, perguntamos a Doliner quando ir, o que levar e onde é melhor observar a obra renascentista. Antes de nos atermos a Michelangelo, vale a pena passar os olhos no currículo do entrevistado. Doliner é um dos pouquíssimos que pode se orgulhar por já ter ido à Sistina fora do horário de visitação. Várias vezes. E suas caminhadas pelo santuário renderam o livro Os segredos da Capela Sistina (Objetiva, R$ 59,90), escrito em parceria com o rabino Benjamin Blech e lançado aqui mês passado.
Decididamente, a Capela Sistina não foi feita para ser pisada por tanta gente ao mesmo tempo. Aliás, essa é a próxima dica de Doliner: ao entrar, vire também o pescoço para baixo. Poucas pessoas, diz ele, percebem o piso repleto de desenhos que lembram estrelas de Davi, símbolo do judaísmo. No século XV, quando ganhou o chão da capela, o grafismo não tinha a mesma representatividade de hoje, mas já era envolto em conhecimentos místicos — e, portanto, condenado pelos papas da época, afirma o autor. Nada, porém, que impedisse os artistas de escondê-lo em suas obras, segundo Doliner. Rafael colocou uma das estrelas em A escola de Atenas, um de seus trabalhos mais famosos — hoje exposto numa das galerias que levam à Sistina.
O piso, ressalte-se, não é de Michelangelo. O florentino fez troça maior com seus mecenas já a partir do umbral da capela. Lá retratou o Papa Júlio II, que encomendou boa parte dos afrescos. E atrás dele, pintou dois pequenos anjos, um deles mostrando o dedo para a Vossa Santidade — que, diga-se de passagem, de bondoso tinha pouca coisa.
No teto, Doliner enxerga traços de rebeldia em todos os lados. Os inimigos de Michelangelo padecem no inferno do “Juízo final”. Os personagens do Novo Testamento não dão as caras — em seu lugar estão profetas e sibilas judaicos.
— Há bancos disponíveis na lateral da capela, onde qualquer um pode sentar com binóculos e fazer sua própria caça aos tesouros — ressalta Doliner. — Leve uma cópia do livro com os segredos que você quer encontrar já marcados.
Resumindo as lições do escritor: a Sistina é melhor à tarde, na baixa temporada, longe de grandes grupos e com uma pesquisa prévia já pronta. Ande pelos cantos, leve binóculo, não se atenha ao teto. Fuja de quem tem pressa. Seguindo estas dicas, a visita à capela pode ser uma experiência etérea como aquela que teve o próprio Doliner, em suas explorações noturnas dos afrescos de Michelangelo: