sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Retirada de crucifixo provoca polêmica no TJ

O Globo, sábado, 7 de fevereiro de 2009


Ediane Merola

Espíritas, evangélicos e judeus gostaram da notícia. Mas os católicos acham que poderia ser reavaliada a decisão do novo presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, Luiz Zveiter, que mandou retirar o crucifixo que estava na sala do Órgão Especial.

Zveiter, que é judeu, também desativou a capela que havia no andar da presidência do tribunal e, conforme noticiou ontem Ancelmo Gois em sua coluna no Globo, criou um espaço ecumênico, com capacidade para 97 pessoas sentadas, que funcionará a partir da próxima semana.

Zveiter, que tomou posse na terça-feira, disse que foi retirado apenas o crucifixo do Órgão Especial, pois no local atuam 25 desembargadores e cada um segue uma fé diferente. De acordo com ele, os juízes dos tribunais continuam com autonomia para manter ou retirar as imagens referentes à sua religião.

— Sou judeu de origem, mas pratico o espiritismo. Sou kardecista. O Poder Judiciário é laico, mas seus membros têm que ter sua fé. E nós estimulamos isso — disse Zveiter.

Presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil e uma das fundadoras da Comissão Contra a Intolerância Religiosa, que reúne integrantes de diversas entidades no Rio, Fátima Damas diz que as mudanças no Fórum eram uma reivindicação antiga, apesar de nunca ter sido feito um pedido formal de retirada dos crucifixos:

— Agora sim vão começar a fazer justiça de verdade. Acho ótima a decisão. Mas na capela ecumênica eles terão que botar um símbolo de cada religião ou não vão poder exibir nada. Na Uerj, por exemplo, a capela é ecumênica, mas tem um crucifixo, apenas. Na semana que vem, irei ao Centro do Rio e visitarei o Tribunal de Justiça.

A capela já está montada e nela foi pregada uma cruz, sem a imagem de Cristo. Para o advogado Paulo Leão, que preside a Associação dos Juristas Católicos e fala em nome da Arquidiocese do Rio, ter um local maior para a prática da religiosidade é saudável, mas a decisão de retirar o crucifixo do Órgão Especial poderia ser reavaliada pelos desembargadores:

— Temos que ficar atentos para a medida não ficar na linha da intolerância religiosa. O tema merece reflexão.

Nenhum comentário: