segunda-feira, 23 de novembro de 2009

[...] Geisy

A Tribuna, Piracicaba, 12 de novembro de 2009

[...] Geisy

Pe. Otto Dana*

Toda vez que leio sobre ou revejo a cena do inacreditável ato de selvageria física e intelecutal praticado pelos troglodistas da Uniban contra a nada discreta aluna Geisy Arruda, começo a cantarolar baixinho a toada do Chico: “Joga pedra na Geni / joga [imundície] na Geni / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de cuspir / Ela [se entrega] pra qualquer um / maldita Geni”. Diferente do Chico Buarque, eu jogaria, com todo prazer, baldes de [imundície] nos 700 alunos que, feitos animais no cio, quase lincharam e estupraram a desabrida colega de [pernas] à mostra. E atiraria num tanque transbordando de [imundície] a reitoria obscurantista da universidade que expulsou a vítima, sem chance de defesa.
O mundo está mesmo de cabeça pra baixo. Onde está a modernosa juventude liberada, desreprimida sexualmente, a juventude do motel, do “ficar”, do sexo sem culpa? Fosse numa universidade da Terceira Idade, que vá! Seria até hilário a veiarada se arrastando atrás de duas [pernas] roliças, brandindo bengalas e gritando imprecações e pragas contra a atrevida. Mas, uma universidade paulista, em pleno século 21, oferecer um espetáculo de barbárie medieval como esse do dia 22 de outubro, agravado agora pela “defaecatio maxima” (pergunte a um padre dos antigos o que é isso!) produzida pela reitoria, expulsando a garota, é de fechar todas as braguilhas para recesso.
Essa universidade, com certeza, não estuda a Inquisição. Por isso, a atualiza em pleno 2009. Só faltou isqueiro para acender a fogueira e fazer churrasquinho das fogosas [pernas] de Geisy. O anacronismo das razões invocadas pela Reitoria para expulsar a menina é estarrecedor e fascistóide: “O desrespeito à dignidade acadêmica e à moralidade.” A estudante “tem uma postura incompatível com o ambiente da universidade, pois sempre utiliza roupas curtas e decotes e tinha atitudes insinuantes.” Benza Deus! Isso é discurso de Madre Superiora, expulsando uma noviça do convento.
Que moralismo bastardo o dessa meninada e dos seus edu(castra)dores. Libido reprimida? Paranóia coletiva? Eros em chamas? Não dá para entender. Apenas duas [pernas] expostas abaixo de um vestidinho vermelho, nem tão curto assim.
*OTTO DANA é pároco da Igreja Sant’Ana em Rio Claro.

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